Como aplicar o consumo consciente na Black Friday
Nesta sexta-feira (25), ocorre mais uma edição da Black Friday e uma pesquisa do Reclame Aqui aponta que neste ano 50% dos brasileiros pensam em realizar compras durante o evento. O percentual representa um aumento frente aos 53% dos consumidores que afirmaram não cogitar adquirir nada em 2021.
Uma das épocas mais lucrativas do ano para os varejistas, a Black Friday é uma data de grande fomento ao consumo exagerado e, consequentemente, uma alta produção de resíduos.
Segundo o relatório “Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2021″ da ABRELPE (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), ultrapassam o marcador de 1,07 kg de lixo por brasileiro/dia “jogado fora”. São eletrônicos, roupas e diversos outros artigos que diariamente são descartados pela população e substituídos por novos.
A ABRELPE estima que o cenário atual de produção de bens de consumo, a geração de resíduos sólidos urbanos aumentará em todo o mundo, chegando a 3,4 bilhões de toneladas em 2050. A maior parte desse aumento será observado em países de baixa renda, onde a geração deve triplicar e até mesmo herdar de seus descendentes hábitos de consumo.
“A Black Friday poderia ser uma forma de apenas queimar estoque ou de comprarmos itens importantes por um preço mais justo e possível para nossas condições particulares. Entretanto, a cada ano vem sendo mais um pico de consumos dispensáveis”, afirma a cofundadora da startup de impacto SOLOS, Saville Alves.
Saville, que é também especialista em ESG, acredita que o conceito que abrange Meio ambiente, Social e Governança pode contribuir para mudar esta realidade.
“Com o avanço da agenda ESG nas empresas, tenho perspectivas que datas como esta sejam reformuladas, desconcentrando de único período ou de alguma forma atrelando o consumo à mitigação dos impactos”, afirma. “O que o mundo precisa agora é descarbonizar, reduzir lixo, gerar relações sociais (intra e inter países) mais justas e com qualidade de vida”, completa.
Consumo consciente
O Instituto Akatu, que é referência quando o assunto é consumo consciente, convida todos à reflexão e a priorizarem escolhas mais saudáveis e sustentáveis, evitando pegadinhas nessa Black Friday.
“Emoções, hábitos e crenças podem nos influenciar a agir na empolgação nesse momento. Especialmente quando somos bombardeados por tantas propagandas. Mas, nessa Black Friday, podemos fazer diferente e buscar o consumo focado no que é necessário e suficiente”, afirma Bruna Tiussu, gerente de comunicação e conteúdos do Instituto Akatu. “Repensar ações e resistir a tentações, priorizando melhores escolhas de consumo, vale mais do que qualquer desconto”, completa.
Bruna ainda destaca que resistir a uma compra desnecessária é poupar recursos naturais que seriam gastos na produção desse item e evitar a emissão de gases poluentes durante a fabricação, transporte e armazenamento de um produto. Isso é consumo consciente: priorizar o que é necessário para o seu bem-estar, sem excessos ou desperdícios. Abaixo confira as dicas do Akatu para driblar as pegadinhas da data:
- Administre bem o seu salário e a tentação das compras
A sensação de receber o salário do mês é muito boa, mas, neste momento, podemos ficar mais vulneráveis a adquirir algo novo, principalmente quando esse item aparentemente está mais barato. É importante refletir sobre a real necessidade de qualquer compra, organizar as finanças do mês e, sempre que possível, poupar uma quantia para um plano futuro ou para adquirir um item com potencial de contribuir efetivamente para a nossa saúde e bem-estar. Na dúvida, pense duas vezes sobre a real necessidade de adquirir algo novo.
- Resista aos cupons de desconto
A estratégia dos cupons de desconto é utilizada pelas empresas para convencer o consumidor a agir pela emoção — não é à toa que eles possuem prazo limitado. Então, valem os questionamentos: Realmente estou economizando? Me programei para fazer essa compra nesse momento? Em vez de comprar, você pode fazer uma troca, reutilizar ou pegar emprestado. Peças compartilhadas e alugadas estimulam uma economia mais circular e geralmente têm um preço menor se comparados a peças novas — mesmo com o cupom de desconto. Se possível, dê preferência aos objetos de segunda mão.
- Tome cuidado com os algoritmos
Nessa época do ano, é comum fazer aquela pesquisa básica para ver se o que gostaríamos está na promoção. Após pesquisar na internet, é comum receber uma enxurrada de anúncios de itens semelhantes, incentivando mais compras. Eletrônicos, por exemplo, são sucessos de venda durante esse período. Mas, antes de partir para a compra de um item novo, vale a pena cuidar bem do aparelho para estender a sua vida útil e, se ele apresentar problemas, procurar consertá-lo. Agora, se você realmente for necessário comprar algo novo, uma boa dica é vender o aparelho antigo, oferecer em feiras de trocas ou doá-lo. Equilibre o seu consumo!
- Use a ‘lei do merecimento’ com itens saudáveis e sustentáveis
Todo mundo já pensou em comprar um item novo como forma de merecimento, principalmente após um ano tão conturbado! Mas uma boa opção é praticar a “lei do merecimento” se dedicando mais às experiências e menos aos bens materiais, como dedicar um tempo de qualidade para si, com a família ou com os amigos. E, sempre que possível, refletir: que recursos naturais foram exigidos para um novo produto? Qual impacto isso pode gerar? Essa marca ou empresa atua com transparência e responsabilidade socioambiental? Isso realmente vai me fazer bem ou só trará uma satisfação passageira? Na dúvida, abra a sua mente para o consumo consciente.