Cidade holandesa proíbe propaganda de carne em outdoors
“A carne é muito prejudicial ao meio ambiente. Não podemos dizer às pessoas que há uma crise climática e incentivá-las a comprar produtos que fazem parte dela”, disse Ziggy Klazes, vereadora do GroenLinks, ao jornal holandês Trouw.
O jornal Trouw explica que, em uma moção anterior, as cidades holandesas Amsterdã, Leiden e Haia proibiram anúncios publicitários de viagens aéreas, veículos movidos a gasolina e indústria de combustíveis fósseis. Haarlem então decidiu acrescentar a carne por seu poder de influenciar as escolhas alimentares das pessoas.
Segundo a BBC, o projeto de lei foi apoiado por outro partido, o Christian Democratic Challenge. Entretanto, há grupos contra. Um deles é o partido de direita BVNL cujo vereador Joey Rademaker declarou que a proibição é “quase ditatorial”. Também a indústria da carne não é à favor. Um porta-voz da Organização Central do Setor de Carnes afirmou que “as autoridades estão indo longe demais ao dizer às pessoas o que é melhor para elas”.
De todo modo, a moção foi aprovada e quando os contratos publicitários atuais expirarem a publicidade de carne não será mais permitida em Haarlem. A previsão é que a proibição passe a valer a partir de 2024. Não foi excluída a possibilidade de manter anúncios de marcas que atendam certos critérios de “qualidade”. Provavelmente, entra neste quesito a carne orgânica certificada.
Acredita-se que esta proibição específica de propagandas de carne seja a primeira do tipo, ao menos no mundo ocidental.
Redução do consumo de carne
As campanhas em prol do vegetarianismo assim como pela redução do consumo de carne são justificadas aos que têm consciência do impacto ambiental da produção de carne. Segundo a Organização das Nações Unidas, a pecuária gera mais de 14% de todos os gases de efeito estufa produzidos pelo homem, incluindo o metano. Além disso, um estudo de 2016, feito por pesquisadores da Universidade de Oxford, mostrou que a redução do consumo global de carnes pode melhorar a saúde, o meio ambiente e também a economia.
Para Ricardo Laurino, presidente da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), mudar os hábitos alimentares não só é possível como necessário. “A alimentação baseada em carnes e derivados animais é um dos pilares urgentes a serem repensados diante de enormes impactos que um simples bife ou copo de leite podem trazer, não só para o meio ambiente, mas para nossa saúde e os próprios animais”, comentou.
Já Alessandra Luglio, nutricionista e diretora de campanhas da SVB, reforça que há um grande impacto positivo da retirada das carnes, do ovo e dos leites e seus derivados na saúde humana. “Uma alimentação 100% à base de vegetais é comprovadamente uma das formas mais efetivas de você cuidar da sua saúde”, afirmou.