Projeto Tamar: população de tartarugas marinhas na costa do Brasil aumenta 86,7%
Nos últimos 5 anos, o Projeto Tamar registrou um aumento de 86,7% na população das tartarugas marinhas. Todas as cinco espécies que visitam a costa do Brasil apresentaram melhora.
Durante os 35 anos de atuação, praias que servem de locais para desova se tornaram protegidas, houve um crescimento nas práticas de educação ambiental e uma evolução das técnicas para ampliar o nascimento de tartarugas.
Assim, as praias brasileiras começaram a ser repovoadas pelas tartarugas-marinhas e o número de nascimentos começou a crescer. Nos primeiros cinco anos do projeto, a população de filhotes somava 83 mil. Entre 2005 e 2009 atingiu a marca de 4,5 milhões. Nos últimos cinco anos (entre 2010 e 2014), o número saltou para 8,4 milhões. “Aquelas crianças que a gente viu nascer durante todos esses anos se transformaram em adultos e começaram a se reproduzir”, comemora Guy Marcovaldi, coordenador do Tamar em entrevista para a Agência Brasil.
Atualmente a população estimada de fêmeas adultas no Brasil é de 20 mil. Esse número não permite dizer que as tartarugas marinhas estão livres do risco de desaparecer do planeta. “Elas saíram da UTI, mas ainda não tiveram alta. Já não estão para morrer”, disse Marcovaldi à Agência Brasil. O coordenador estima que mais 35 anos de trabalho são necessários para afastar de vez o fantasma da extinção.
Tartarugas marinhas no Brasil
As ameaças às tartarugas marinhas começam antes mesmo delas nascerem. Muitos ninhos ficam em praias movimentadas e podem ser pisoteados ou atacados por animais domésticos. A iluminação artificial é outro problema: além de desorientar os filhotes, que podem morrer por desidratação, ela pode espantar as mães que estão prestes a desovar.
Ainda há o lixo: na areia, atrapalha as fêmeas que querem construir os ninhos e os filhotes que precisam chegar ao mar; no oceano, pode ser confundido como alimento e às vezes é engolido por engano, podendo matar o animal.
Mas a principal ameaça é a pesca incidental. As tartarugas ficam presas aos anzóis e redes, não conseguem subir à superfície e acabam morrendo afogadas. Para combater essa ameaça, o Projeto Tamar realiza, desde 2001, o Programa Interação Tartarugas Marinhas e Pesca, com a finalidade de reduzir a captura por acidente com ações de monitoramento e implementar medidas mitigadoras, como anzóis circulares e cortadores de linhas.
Para garantir o sucesso reprodutivo das tartarugas marinhas, as bases do Tamar em áreas de reprodução no litoral (Bahia, Sergipe, Rio Grande do Norte, Espírito Santo e Rio de Janeiro) intensificam o trabalho nas praias e no mar durante esse período (setembro a março). A equipe do projeto monitora os locais de desova dia e noite.
As mães são identificadas assim que chegam às praias para desovar. A equipe também coleta amostras de pele para a realização de estudos genéticos. Os ninhos são escavados para coleta e análise de dados, como o tempo de incubação e a taxa de eclosão e espécie, entre outros.
Se algum ninho estiver em local perigoso, os ovos são transferidos para outros trechos da praia mais seguros ou são colocados em cercados de incubação nas bases do Tamar. O momento de abertura dos ninhos pode ser acompanhado nos centros de visitantes e acontece em maior intensidade entre novembro e fevereiro.
O trabalho de educação ambiental e inclusão social, que já é feito junto às comunidades locais e aos turistas, continua e pode ser responsável pela manutenção de cerca de 70% dos ninhos no local original.
As informações obtidas são armazenadas e inseridas no Sistema de Informações sobre Tartarugas Marinhas (Sitamar).