Jardins de chuva estão surgindo pela cidade de São Paulo
Um grupo de ativistas ambientais está literalmente quebrando o asfalto e o concreto para deixar São Paulo mais verde e permeável.
Um grupo de ativistas ambientais está literalmente quebrando o asfalto e o concreto para não apenas deixar São Paulo mais verde, como também um pouco mais permeável. Para isso, estão utilizando uma técnica simples de permacultura e desenho urbano, os jardins de chuva. A solução é bastante óbvia, porém raramente utilizada.
O jardim de chuva foi criado pelo africano Phiri Maseko, conhecido por ser “o homem que plantava chuva”. Desde então, o método foi espalhado e aprimorado em diferentes lugares do mundo. Um dos destaques é a cidade de Tucson, no deserto do Arizona, EUA, onde a aplicação dos jardins de chuva transformou completamente um bairro.
Como funciona um jardim de chuva
Os canteiros de chuva são construídos em um nível ligeiramente mais baixo que as calçadas e ruas, permitindo assim a entrada e o acúmulo de água. Para ele funcionar na estrutura das cidades, é necessário criar aberturas no meio fio, que podem ser feitas por canos ou com um simples espaçamento entre as barreiras de concreto. É importante escolher uma vegetação mais resiliente e nativa, que suporte receber muita água por um tempo e pouca água no período de seca. Desta forma, o canteiro se torna autossustentável, não havendo a necessidade de rega. O ideal é cobrir o canteiro com pedra ou madeira, eles mantêm a umidade do solo e também não deixam que a terra seja levada pela água durante as enxurradas.
Plantando chuva em São Paulo
Nik Sabey é um dos responsáveis pelos primeiros jardins de chuva da cidade. Ele já deixava a cidade mais verde com seu projeto Novas Árvores por Aí, porém, depois que descobriu a técnica do jardim de chuva com o engenheiro Guilherme Castagna, não viu mais sentido em criar canteiros de outra maneira. “A vontade de plantar já existia e de repente aprendemos uma solução tão óbvia, que não teria por que não aplicar,” disse Sabey em entrevista ao CicloVivo.
“Os benefícios do jardim de chuva são inúmeros. Ele alimenta o lençol freático, irriga as plantas e árvores, poupa água, aumenta a umidade do ar por meio da transpiração das plantas, diminui ilhas de calor e ainda de quebra ajuda a combater enchentes,” ressaltou o ativista. “Além disso, as árvores crescem muito mais saudáveis, tendo menos chance de serem atacadas por cupins e outras pragas, aumentando assim sua resistência e longevidade.”
Sabey, junto com parceiros, como o botânico Ricardo Cardim e Sérgio Reis, já desenvolveu diversos jardins de chuva em calçadas, canteiros, rotatórias e até mesmo em ruas, literalmente quebrando o asfalto. Recentemente, ele construiu uma solução bastante interessante no bairro de Moema, um canteiro na rua, paralelo à calçada, onde carros passavam o dia estacionados. Foram aplicadas ainda chapas de metal para ampliar a calçada, que antes era muito estreita, criando um ambiente muito mais amigável para pedestres e moradores do bairro.
O ativista também já transformou rotatórias nos bairros de Pinheiros, Vila Mariana e Mooca. Ele conta com a ajuda da prefeitura, que autoriza a obra e também quebra o concreto. O restante do trabalho é feito por ele e seus parceiros.
Um bom exemplo de aplicação da técnica na cidade é o do Largo das Araucárias, no bairro de Pinheiros. Lá existia apenas escombros de uma antiga construção e muito entulho. Hoje, é uma linda praça feita pela iniciativa dos ambientalistas que também ganhou um canteiro de chuva. Neste caso, os ativistas contaram com o projeto da empresa Fluxo Design, que é especialista no assunto.
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