Prédio estreito em BH traz nova proposta de moradia

Um prédio estreito e afunilado com amplas janelas desalinhadas. Assim é o Casamirador Savassi, o edifício residencial lançado em 2021 em Belo Horizonte, Minas Gerais. Seu formato icônico tem chamado atenção da mídia internacional.

Projetado por Gisele Borges Arquitetura e construído pela incorporadora Casamirador, o prédio foi erguido em um terreno estreito com largura de apenas 12,7 metros. Para que isso fosse possível, exigiu-se criatividade e, como descreve a equipe de projeto, “decisões não óbvias, resultando em uma arquitetura criada com uma identidade própria”.

O arquiteto e especialista em design sustentável, Lloyd Alter, defende que o projeto brasileiro pode ser um modelo para moradias norte-americanas. Com a falta de espaço construtivo em áreas urbanas, o estreito prédio é exemplo de como fazer um aproveitamento com eficiência. Em muitas cidades dos EUA, informa Alter, o tamanho mínimo legal do lote é de 15 metros – de forma que 12 metros só seria zoneado para uma única casa.

“Para que esse tipo de construção aconteça, os códigos de construção precisam mudar junto com o zoneamento. Em um local pequeno, simplesmente não há espaço para corredores centrais que levam a duas escadas separadas”, escreve o arquiteto no site de sustentabilidade norte-americano TreeHugger. Mais a frente, ele conclui que a principal lição deste edifício é que se os arquitetos e incorporadores poderiam criar habitações maravilhosas se libertarem-se de algumas das restrições da América do Norte.

O projeto também foi destaque no site de design e arquitetura Designboom.

Invólucro de alumínio

Para além de sua largura, o Casamirador Savassi, como foi batizado, se destaca pelo alumínio perfurado que reveste o edifício. O material é pintado em um tom de sépia avermelhado terroso em referência ao minério de Minas Gerais.

As chapas de alumínio possuem perfurações em diferentes tamanhos, sendo feitas de formas assimétricas, porém harmônicas. Isso garante tanto leveza e transparência como também uma função bastante requisitada nos prédios residenciais: privacidade.

O alumínio perfurado garante a visão de dentro para fora e nenhuma visualização a partir do exterior. Janelas menores e funcionais também ficam escondidas nesta cobertura, enquanto as grandes e evidentes janelas, com molduras de concreto, levam abundante iluminação e ventilação natural para dentro do lar.

A “pele” que cobre o edifício também proporciona conforto térmico aos apartamentos ao proporcionar sombreamento. Isso combinado com a aplicação de ventilação cruzada nos apartamentos podem evitar a necessidade de uso de ar condicionado.

Por fim, o prédio ainda possui um pilar estrutural em V – tipo de sustentação que é um marco da década de 50 – integrando o moderno e o tradicional. Sob a influência do arquiteto Oscar Niemeyer, o formato permite que a construção piramidal troque levemente o terreno em um único ponto.

O Casamirador Savassi possui 38 unidades entre lofts e estúdios, que variam de 42m2 a 90m2, distribuídos por nove andares.

O prédio em BH ainda aplica o conceito do compartilhamento de objetos e serviços, tendo lavanderia de uso coletivo, bicicletário, sistema de portaria virtual, fechaduras eletrônicas nas unidades e, segundo a incorporadora, uma taxa de condomínio bem reduzida para os padrões da região onde está localizado, no bairro de classe alta Savassi.

Ciclovivo