Parques e reservas são essenciais para conservar a fauna ameaçada do Cerrado
A criação de parques nacionais e outras áreas protegidas é uma das principais estratégias adotadas no Brasil e no mundo para minimizar a atual crise ambiental.
Mas como saber se estas áreas estão realmente tendo um efeito positivo sobre a biodiversidade? É exatamente isso que uma equipe formada por cientistas brasileiros e britânicos relata em estudo conduzido no Cerrado.
Utilizando milhares de registros de animais obtidos através de câmeras automáticas instaladas em uma extensa área do Cerrado do norte de Minas Gerais, os pesquisadores demonstraram que unidades de conservação, como parques nacionais, estaduais e reservas privadas, abrigam uma diversidade de mamíferos bem maior do que áreas similares que não possuem o mesmo grau de proteção.
Animais como o lobo-guará, o tamanduá-bandeira, a onça-parda, e a anta são pelo menos 5 vezes mais comuns nessas áreas, no Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu, região prioritária para a conservação do Cerrado. Em geral, as áreas sob maior nível de proteção no mosaico têm 2.7 vezes mais espécies de maior porte e 2.4 vezes mais espécies ameaçadas de extinção em nível mundial. Parte da coleta de dados foi financiada pela parceria entre o WWF-Brasil e o Instituto Biotrópicos em 2012-2013.
Parques: importância comprovada
Para Guilherme Braga Ferreira, um dos autores do estudo “este é um dos primeiros estudos que mostra de forma sistemática que a criação de parques tem um efeito extremamente positivo sobre a biodiversidade do Cerrado. Apesar de intuitivo, comprovar a importância das áreas protegidas com dados robustos é essencial neste momento em que elas estão sofrendo pressão de diversos setores”.
Para o WWF-Brasil, o estudo evidencia a importância da criação e também da consolidação das unidades de conservação no Brasil. “O Cerrado é a savana com maior biodiversidade do planeta, além de prover cerca de 40% da água doce do Brasil. Áreas protegidas bem manejadas garantem não só a conservação das espécies, mas também uma série de benefícios para toda a sociedade brasileira”, afirma
Os resultados deste estudo se adicionam aos achados de pesquisas anteriores mostrando a efetividade de áreas protegidas para evitar desmatamento no Brasil, inclusive no Cerrado. Também confirmam o Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu, que abrange a região do sertão mineiro descrita por Guimarães Rosa na obra Grande Sertão Veredas, como área chave para preservação da biodiversidade no Brasil.
Mariana Ferreira, Gerente de Ciências do WWF-Brasil.
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