WWF: Brasil é 4º maior produtor de lixo plástico e um dos que menos recicla

Ao mesmo tempo que ocupa a quarta posição entre os países que mais produzem lixo plástico no mundo, o Brasil é uma das nações que menos recicla o material. Os dados constam de relatório da organização não governamental WWF (Fundo Mundial para a Natureza) divulgado hoje.

Compiladas a partir de informações do Banco Mundial para 200 países, as informações constam do estudo “Solucionar a Poluição Plástica – Transparência e Responsabilização”, que será apresentado na Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente entre 11 e 15 de março, no Quênia. Do evento, deve sair uma resolução sobre como os países deverão tratar o lixo plástico até 2030.

Há dez anos, o país ocupava a 16ª posição na produção de lixo plástico. Pulamos muitas casas e hoje estamos no top“. Anna Carolina Lobo, do WWF-Brasil

Segundo a organização, o Brasil recicla cerca de 145 mil toneladas de plástico por ano, o que é só 1,2% de todo o lixo deste material produzido no país. A média mundial é 9%.

Estima-se que cada cidadão produza, em média, aproximadamente 1 quilo de lixo plástico por semana. E o destino desse material é, em grande maioria, o descarte.

Destino do plástico produzido no país (por ano)

Descarte clandestino (sem tratamento): 2,4 milhões de toneladas
Aterros sanitários: 7,7 milhões de toneladas
Sem recolhimento: 1 milhão de tonelada
Reciclagem: 145 mil toneladas

Para Lobo, o país não tem estrutura para reciclar todo o lixo que produz, mesmo que todas as pessoas separassem os detritos em suas residências.

O que precisa ser feito é que os plásticos gerados pela indústria sejam produzidos a partir da reciclagem“, diz.

Para os industriais, no entanto, a reciclagem não é vantajosa, uma vez que a cadeia de produção de plástico recebe uma série de subsídios.

Com alta produção e pouca reciclagem, parte do plástico armazenado em aterros sanitários no país é incinerado. Com isso, são lançados à atmosfera gases tóxicos, como o dióxido de enxofre, prejudiciais à saúde.

Microplástico: o problema (quase) invisível

Nem só de sacolas e canudos é composto o lixo plástico. Partículas pequeninas feitas do material também são abundantes e prejudiciais – é o chamado microplástico, com menos de um milímetro de diâmetro.

Segundo relatório de 2017 da União Internacional para a Conservação da Natureza, parte considerável do microplástico encontrado nos oceanos é originado de microfibras liberadas na lavagem de roupa.

Poeira das grandes cidades, pneus de carros, pintura de rodovias e embarcações marítimas também são fontes da substância, que chega aos mares.

O relatório do WWF aponta também problemas decorrentes do nanoplástico, utilizado na indústria de cosméticos como esfoliante e lançado às pias, encanamentos, rios e mares.

As partículas voltam às nossas casas: consumimos nanoplásticos engolidos por peixes e frutos do mar, principalmente mexilhões, mariscos e ostras.

Os micro e nanoplásticos também influenciam na degradação do solo, já que, segundo o WWF, “acabam sendo filtrados no sistema de tratamento de água das cidades e acidentalmente usados como fertilizante, em meio ao lodo de esgoto residual.”

Os danos à saúde e ao ambiente se traduzem em impacto financeiro. A poluição por plástico causa mais de R$ 30 bilhões de prejuízo à economia global, conforme levantamento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Os setores mais afetados são o pesqueiro, o comércio marítimo e o turismo.

No último mês, o WWF lançou uma petição por um acordo legal sobre a poluição dos plásticos marinhos. Até o momento, a iniciativa reuniu 200 mil assinaturas.

WWF