Cientistas querem resfriar atmosfera com aerossóis para frear aquecimento global

Estudo sugere que ‘geoengenharia climática’ é viável; Relatório da ONU recomenda que tema seja tratado com cautela, por conta dos riscos de causar desequilíbrio ambiental.

Um projeto para manipular e resfriar a atmosfera da Terra, freando o avanço desenfreado do aquecimento global, é possível, afirmam pesquisadores em um artigo científico publicado no periódico “Environmental Research Letters”. Os autores dizem que isso pode ser feito com o uso de aviões especialmente construídos que dispersariam na atmosfera, em grandes altitudes, aerossóis — partículas finíssimas sólidas ou líquidas num gás. E, segundo eles, isso não seria tão custoso com a atual tecnologia.

A técnica se insere no que é chamado de “geoengenharia”, uma mudança no meio ambiente programada pelo próprio ser humano. Ela pode consistir, por exemplo, em manipulações dos oceanos ou da atmosfera da Terra. No caso do estudo divulgado esta semana, a ideia é influenciar na atmosfera, evitando que as mudanças climáticas avancem.

A geoengenharia é vista por muitos cientistas como necessária para atingir as metas do Acordo de Paris da COP21, fechado em dezembro de 2015, quando 197 países prometeram manter os aumentos das temperaturas globais abaixo de 2 graus Celsius.

Custo de até US$ 2,5 bilhões

Nessa pesquisa mais recente, os pesquisadores avaliaram os custos e a praticidade de vários métodos para espalhar aerossóis a altitudes de cerca de 20 quilômetros — processo conhecido como “injeção de aerossol estratosférico” (SAI, na sigla em inglês).

Esses variados métodos foram aplicados em hipotéticos projetos de geoengenharia em grande escala. Eles seriam iniciados daqui a 15 anos e teriam o objetivo de cortar pela metade o aumento na retenção de calor do planeta pela ação humana.

Segundo um dos autores, Gernot Wagner, que é pesquisador da Escola de Engenharia e Ciências Aplicadas John A. Paulson, da Universidade de Harvard, nos EUA, caso um programa desse tipo seja lançado em 2033, o custo médio anual deverá ser de no máximo US$ 2,5 bilhões — o equivalente a cerca de R$ 9,5 bilhões.

O Globo