Edital destina R$1,8 milhão para projetos na Mata Atlântica
O Fundo Casa Socioambiental, que desde 2005 atua para fazer o dinheiro de grandes investidores chegar ao coração da floresta, acaba de lançar o Programa Mata Atlântica e, em conjunto, seu primeiro edital voltado ao bioma. Serão destinados R$1,8 milhões para iniciativas de base comunitária na Mata Atlântica.
Ao todo, serão apoiados cerca de 45 projetos com recursos de até R$ 40 mil destinados para cada iniciativa. A chamada é destinada a associações comunitárias, organizações de base e comunidades locais que atuam com enfoque socioambiental em territórios localizados nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Os recursos foram doados pela MacKenzie Scott, que premiou 16 organizações brasileiras em 2022, entre elas o Fundo Casa.
Foco na Mata Atlântica
A Mata Atlântica é um dos biomas mais diversos do território nacional, é lar de mais de 2 mil espécies de fauna e 20 mil espécies vegetais. Além disso, 72% da população brasileira está concentrada em regiões de seu domínio, garantindo o abastecimento de água para mais de 100 milhões de pessoas.
Ainda foi decretada Reserva da Biosfera pela Unesco e Patrimônio Nacional, na Constituição Federal de 1988. Berço de grandes metrópoles brasileiras, o bioma também abraça comunidades tradicionais quilombolas, indígenas e caiçaras, com associações e cooperativas que buscam fortalecer os trabalhos desenvolvidos de forma integrada ao ambiente.
Mesmo com tamanha importância, a Mata Atlântica segue sendo um dos mais ameaçados biomas do Planeta, restando apenas pouco mais de 12% da mata original. Incentivar a recuperação e restauração da Mata Atlântica é uma oportunidade para combater as mudanças climáticas e contribuir para que o Brasil cumpra seu compromisso de mitigação da emissão de gases do efeito estufa. Recuperar e restaurar o bioma também pode ajudar a mitigar a pobreza, produzindo alimentos e oportunidades de geração de renda.
A escolha dos estados elegíveis para a chamada leva em consideração a localização dos principais remanescentes da floresta e, também, as regiões que sofrem as maiores ameaças, como a especulação imobiliária. Os eixos temáticos desta chamada estão relacionados à restauração com base em sistemas agroflorestais, fortalecimento comunitário, geração de renda, comunicação e educação comunitária.
“Esta chamada é importante pois destinará apoio para um bioma ao qual temos dificuldade de mobilizar recursos, pois muitos dos nossos financiadores possuem foco na Amazônia”, ressalta Claudia Gibeli, gestora de programas do Fundo Casa Socioambiental.
Apesar do essencial papel da Amazônia para o equilíbrio do clima do planeta, Claudia lembra da importância da Mata Atlântica também com relação à preservação da biodiversidade, produção de água e alimento, assim como as comunidades tradicionais que vivem no bioma. “Ao longo da história da ocupação do território brasileiro, a Mata Atlântica vem sofrendo muitas ameaças de destruição, então, é muito importante apoiarmos projetos voltados à sua recuperação e preservação.”
Recursos para a conservação
O Fundo Casa Socioambiental foi fundado pela ambientalista Maria Amália Souza, única brasileira a ser reconhecida internacionalmente na lista “16 Mulheres que Restauram a Terra 2023” do Global Landscapes Forum (GLF). Saiba mais aqui.
Em 2022, cerca de 65% dos apoios do Fundo Casa foram destinados aos biomas Amazônia, Cerrado e Caatinga, ante 25% destinados à Mata Atlântica. Com a criação do Programa Mata Atlântica, a expectativa é que os apoios possam ser melhor distribuído.