Nasa premia tecnologia brasileira que detecta óleo nos oceanos

Uma tecnologia voltada a identificar vazamento de óleo nos oceanos foi premiada pela Nasa. A solução foi desenvolvida por empreendedores e cientistas brasileiros, que formaram uma das equipes vencedoras do hackathon NASA SpaceApps Challenge, de 2019, que reuniu mais de 29 mil participantes de 71 países e cerca de 2 mil projetos desenvolvidos.

A competição anual reúne artistas, cientistas, engenheiros e programadores do mundo todo para incentivar a criação de soluções inovadoras com dados da Nasa para desafios na Terra e no espaço. A cerimônia de premiação, que foi adiada por conta da pandemia, aconteceu na sede da agência espacial americana nos dias 15 e 16 de março em Washington DC, nos Estados Unidos.

Formada pelo programador e empreendedor Felipe Ribeiro Tanso, pelo analista e desenvolvedor Ariel Betti, pela UX designer Joana Ritter e pelos cientistas Ricardo Ramos e Eduardo Ritter, a equipe paulista “Massa” venceu a categoria “Impacto Galático”, que reconhece a solução com maior potencial de impacto para melhorar a vida na Terra com base nos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da ONU (Organização das Nações Unidas).

A tecnologia, chamada de “Poseidon”, consiste no uso de imagens de satélite, Inteligência Artificial e algoritmos para detectar a existência de manchas de óleo nos oceanos.

Vazamento de óleo no nordeste

A ideia de desenvolver o “Poseidon” surgiu a partir do vazamento de óleo em 2019 que afetou cerca de 2.200 quilômetros de extensão do litoral nordeste brasileiro. O derramamento atingiu mais de mil localidades naquele ano e se tornou um dos maiores desastres ambientais do país.

“O nosso objetivo com a solução foi buscar minimizar os impactos ambientais e socioeconômicos que um desastre desse pode provocar nas regiões afetadas”, explica Felipe Tanso, fundador da SkyFix Soluções Interativas e um dos criadores do projeto. “Para isso, a tecnologia fornece informações aos órgãos de fiscalização para que tomem as providências com maior agilidade e precisão.”

A solução funciona como um API, ou Application Programming Interface, que em português quer dizer Interface de Programação de Aplicações. Trata-se de um conjunto de funções e procedimentos que permitem a integração de sistemas, permitindo a reutilização das suas funcionalidades por outras aplicações ou software. Com isso, a tecnologia “Poseidon” criada pela equipe pode ser consultada por governos e terceiros para detectar derramamentos de óleo no oceano, analisando imagens de satélite usando inteligência artificial e modelo de aprendizado profundo. Com a identificação precoce, é possível oferecer menor tempo de resposta e medidas mais ágeis para minimizar os impactos ambientais e socioeconômicos.

Premiação

Os vencedores foram convidados em 2020 para conhecer o NASA Kennedy Space Center, no estado da Flórida, nos Estados Unidos, para uma apresentação dos projetos. Entretanto, a cerimônia teve de ser adiada por conta da pandemia de coronavírus. Este ano, a equipe de cientistas brasileiros foi convidada para conhecer a sede da agência espacial americana em Washington DC. O encontro aconteceu nos dias 15 e 16 de março com a apresentação das equipes vencedoras. “Receber um convite oficial da Nasa para conhecer suas instalações é um dos maiores sonhos que eu poderia realizar”, diz Felipe Ribeiro Tanso.

Em 2021, Tanso e Ricardo Ramos quase conquistaram o bicampeonato mundial da Nasa, quando foram finalistas do NASA SpaceApps Challenge. Eles receberam menção honrosa na competição com o projeto “ARTAI”. A solução desenvolvida pelos pesquisadores usa inteligência artificial para recriar traços artísticos tanto de artistas como Van Gogh, Michelangelo e Tarsila do Amaral, como de qualquer outra pessoa. A proposta do projeto é imaginar como seriam retratadas as missões espaciais por essas pessoas.

Ciclovivo