Precisamos fazer muito mais” para frear o aquecimento global

Enquanto alguns relatórios apontem para pontos de vista mais otimistas em relação aos avanços no combate às mudanças climáticas, pesquisadores da Universidade de Hamburgo afirmam que a a sociedade está mudando muito lentamente para atingir a meta de alcance do acordo de Paris.

A afirmação se baseia no segundo relatório anual Hamburg Climate Futures Outlook, “Clima, Mudança Climática e Sociedade” (CLICCS). A conclusão dos cientistas é que, se as tendências atuais seguirem como estão, é improvável que os líderes mundiais consigam limitar o aquecimento global a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais e evitar os piores impactos da crise climática.

E a razão para isso não é inovação tecnológica ou pontos de inflexão, mas a lentidão de processos sociais necessários para a mudança. “Na verdade, quando se trata de proteção do clima, algumas coisas já foram iniciadas. Mas se você olhar para o desenvolvimento dos processos sociais em detalhes, manter o aquecimento global abaixo de 1,5 graus ainda não é plausível”, explica a Professora Anita Engels, em um comunicado à imprensa.

Objetivos e metodologia

O objetivo do relatório era avaliar se o cumprimento das metas do acordo de Paris de limitar o aquecimento global a bem menos de dois graus Celsius acima dos níveis pré-industriais – ou idealmente 1,5 grau – era realmente plausível, dados os fatores sociais e ambientais. O resultado final foi o trabalho de mais de 60 cientistas das áreas ambientais e sociais que analisaram dados de mais de 140 países, de acordo com a Universidade de Hamburgo e The Hill. 

Os autores do estudo analisaram 10 fatores sociais que podem levar à “profunda descarbonização” até 2050, o que é necessário para atingir a meta de 1,5ºC:

  • Governança climática da ONU;
  • Iniciativas transnacionais;
  • Regulamentos relacionados ao clima;
  • Litígios climáticos;
  • Protestos climáticos e movimentos sociais;
  • Produção de conhecimento;
  • Desinvestimento em combustíveis fósseis;
  • Mídia;
  • Padrões de consumo;
  • Respostas corporativas.

Resultados

O relatório aponta que apesar dos sete primeiros fatores estarem se movendo na direção certa, nenhum deles avançava rápido o suficiente para atingir a descarbonização necessária. A mídia era “ambivalente”, enquanto as respostas corporativas e os padrões de consumo ainda estavam ativamente no caminho da ação climática, uma tendência que não depende exclusivamente dos consumidores.

“Seria muito mais fácil se a forma como os produtos são produzidos fosse regulamentada de forma que (os consumidores) não fossem forçados a comprar produtos destrutivos do clima”, disse a professora. Os autores do estudo também concluíram que os esforços de recuperação econômica após os bloqueios do coronavírus levaram a uma maior dependência de combustíveis fósseis, enquanto os efeitos da invasão russa da Ucrânia ainda eram desconhecidos.

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