Brasil tem 1ª fábrica flutuante movida a energia solar do mundo
Já está em teste a primeira balsa-fábrica do mundo abastecida por meio da energia solar. É também o maior projeto de armazenamento de energia com baterias B-Box do mundo. O investimento total do projeto é de aproximadamente R$ 20 milhões.
Os testes de funcionamento, iniciados em abril, devem seguir até setembro deste ano. Ao final deste período, a embarcação terá a capacidade para processar 20 toneladas de frutos e 12 toneladas de polpa congelada de açaí por dia, além de armazenar 300 toneladas em sua câmara frigorífica.
A balsa-fábrica foi desenvolvida pelas empresas Transportes Bertolini e Valmont Solar. A embarcação navegará pelas calhas dos rios Solimões, Japurá, Juruá, Purus e Madeira, na região Norte do Brasil.
“O projeto é extremamente complexo. É uma indústria inteiramente construída sobre uma balsa, totalmente off-grid, baseada na energia solar gerada em painéis e no seu armazenamento em baterias. É um projeto pioneiro no país”, salientou Fábio Yanagui, presidente da Valmont Solar Solutions.
Fábio Gobeth, assistente da presidência da Bertolini, destacou que ao optar pela energia solar, buscar por uma empresa para desenvolver um projeto tão complexo, não foi fácil. “A nossa pesquisa revelou que a Valmont é a única empresa nacional com o know-how para empreender um projeto tão único”, afirmou.
Durante o desenvolvimento do projeto, a equipe especializada encontrou diversos desafios técnicos. Entre eles, como deveria ser realizada a captação e utilização da energia, o fornecimento de água limpa para a linha de produção e o descarte sustentável dos rejeitos da fábrica.
Ao fim dos estudos, foi delineado um projeto híbrido de captação, conversão e armazenamento de energia marcado pela sustentabilidade que ajudará na preservação da floresta amazônica.
Para se manter em funcionamento, a embarcação conta com 675 painéis solares JA Solar 390 W que cobrem a estrutura de 2 mil metros quadrados.
“A JA Solar, se orgulha muito de participar deste projeto fornecendo módulos bifaciais de extrema qualidade, confiabilidade, adequado as condições severas do ambiente amazônico, que aliados a alta tecnologia, inovação, confiabilidade da solução desenvolvida pela Vamont, leva benefícios concretos e reais para população da região, promovendo sustentabilidade consciente e benefícios para nossa amada Amazônia”, afirma Fernando Castro, country manager da JA Solar Brasil.
Os inversores fotovoltaicos e o comissionamento do projeto ficaram a cargo da SMA. Ao total, são quatro Core1 e 24 Sunny Island.
“Nossas soluções inovadoras para cada tipo de aplicação fotovoltaica oferecem, às pessoas e empresas de todo o mundo, maior independência no atendimento de suas necessidades de energia. E, com a colaboração de nossos parceiros e clientes, somos parte deste projeto tão grandioso que já é um divisor de águas na utilização e aplicabilidade da energia solar para a indústria no Brasil e no mundo”, enfatizou Mayara Barreto, gerente de Marketing da SMA no Brasil.
“Para nós da Ideatek foi uma oportunidade única de participar e poder contribuir em um projeto tão importante para o cliente e também um dos maiores projetos desse tipo em todo o mundo. Temos muito orgulho de ter feito o comissionamento dessa balsa”, destaca Rogério Mattos, diretor da Ideatek Service Solar.
As baterias utilizadas para armazenar a energia gerada foram projetadas e desenvolvidas pela BYD. O modelo indicado pela empresa foi a B-Box Pro 13,8 kWh, ideal para sistemas off-grid.
Neste projeto, estão sendo utilizadas 64 unidades B-Box, com uma capacidade total de 883 kWh de armazenamento, o que o torna o maior projeto off-grid com baterias BYD B-Box no mundo.
“O projeto da balsa realizado em parceria com as empresas Valmont e Bertolini é uma conquista mundial inédita para o setor fotovoltaico e de armazenamento, já que se trata do maior projeto da BYD com baterias de lítio b-box off-grid do mundo”, comentou Marcelo Taborda, Gerente de Vendas da BYD.
Parte da energia gerada pelos painéis solares é utilizada para alimentar toda a fábrica e o restante, somado à energia produzida por geradores a diesel, é armazenado em baterias para uso posterior.
A unidade conta com a sua própria ETE (Estação de Tratamento de Efluentes), com capacidade para tratar 15 mil litros de rejeito por hora. A água devolvida ao rio é de maior qualidade do que aquela captada para utilização na fábrica.
Impacto positivo na geração de emprego e renda
A estimativa é que a balsa-fábrica contribua para o aumento da renda das comunidades ribeirinhas em até 300%, alcançando cerca de R$ 5 milhões anuais.
Com a criação de 50 empregos diretos, a Bertolini também irá comprar o açaí diretamente de fornecedores inseridos nestas comunidades, eliminando a necessidade de um atravessador, o que deve contribuir para aumento na renda dos trabalhadores locais.
“Desde o começo, a BYD participa desse projeto da Balsa-Açaí. Quando ficamos sabendo de toda a sustentabilidade que envolvia a produção dessa indústria flutuante, que navegará pelos principais rios que cortam o estado amazonense, acreditamos no seu potencial. Estamos satisfeitos em fazer parte dessa solução, que contribui com a preservação da floresta e com a geração de renda para os moradores locais”, afirmou Adalberto Maluf, Diretor de Marketing e Sustentabilidade da BYD.