Antas voltam a habitar Rio de Janeiro após 100 anos

Este ano, o nascimento de um filhote de antas está mudando o cenário de extinção da espécie no estado do Rio de Janeiro, que durava mais de 100 anos.

Com a parceria entre o Parque Ecológico Klabin e o Projeto Refauna, a reintrodução da espécie no estado começou a colher os primeiros resultados na Reserva Ecológica de Guapiaçu, após o nascimento de um filhote e a previsão dos pesquisadores de mais um nos próximos meses.

A reprodução dos animais em vida livre demonstra que o estabelecimento das antas na natureza está se consolidando, e que todo o processo de aclimatação e de suplementação alimentar desenvolvido pelos pesquisadores com os animais deu certo.

Em 2018, o Parque Ecológico Klabin, localizado em Telêmaco Borba (PR), enviou três antas, sendo uma fêmea – a Flora – e dois machos – Valente e Júpiter. Os animais nasceram no Parque de 2000 a 2008, e são da segunda geração do projeto de reprodução de antas iniciado pelo Parque no final dos anos 1990.

As atividades do Parque Ecológico promovem a conservação da biodiversidade, com prioridade para a reabilitação de animais e a conservação de espécies ameaçadas de extinção, além do desenvolvimento de pesquisas científicas, promovendo a reprodução e a reintrodução de espécies ao meio ambiente, que podem ocorrer em parcerias como esta.

“O nascimento do filhote é um forte indício do sucesso de curto prazo do Projeto Refauna. Esse resultado representa que estamos trilhando o caminho certo. E não trilhamos esse caminho sozinhos, mas junto com a Reserva Ecológica, toda a comunidade de Guapiaçu e os parceiros que cuidaram das antas antes delas chegarem aqui”, disse Maron Galliez, coordenador do Projeto Refauna e professor do Instituto Federal do Rio de Janeiro.

“O FILHOTE ESTÁ COM CERCA DE 10 MESES E É UMA ALEGRIA MUITO GRANDE VÊ-LO CRESCER”, FINALIZA GALLIEZ.

O primeiro filhote da Reserva de Guapiaçu é do casal Valente e Eva, vinda de Minas Gerais. Maron Galliez prevê ainda que mais um filhote pode chegar em breve, uma vez que os outros dois animais oriundos do Parque Ecológico Klabin, Flora e Júpiter, também formaram casal e as características que estão sendo observadas no comportamento de ambos apontam para essa novidade.

“Esses resultados comprovam a importância e a necessidade de projetos e de criadouros científicos que contribuam com o repovoamento das espécies para o equilíbrio do meio ambiente. A Klabin orienta suas ações para o futuro renovável, baseado na preservação da biodiversidade, e o fortalecimento do seu compromisso com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, da ONU”, diz Paulo Schmidlin, coordenador do Parque Ecológico Klabin.

Conheça a espécie

Animais de grande porte, as antas pesam entre 200 e 300 quilos e são conhecidas como “jardineiras da natureza” por seu papel essencial para a manutenção da biodiversidade de um bioma, pois ao se alimentarem dos frutos das árvores e de arbustos, espalham as sementes pelo caminho.

O projeto Refauna busca a translocação de animais criados em cativeiro de volta para seus habitats naturais, por isso, parcerias com criadouros científicos de conservação são importantes. Por meio do retorno da fauna é possível restaurar processos ecológicos perdidos com a extinção das espécies e, assim, tornar a Mata Atlântica do Rio de Janeiro um ecossistema funcionalmente equilibrado novamente.

CicloVivo