Estudo identifica surfe e mergulho como forma de manter turismo sustentável em Noronha
Um estudo realizado com turistas que foram surfar ou mergulhar em Fernando de Noronha identificou nesse público uma noção elevada de sustentabilidade, com gasto significativo de capital na ilha durante a viagem, o que resulta em um turismo mais sustentável do ponto de vista econômico e ambiental.
A pesquisa, divulgada nesta quinta-feira (3), foi realizada pelo Projeto Golfinho Rotador, em parceria com o Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio).
“Ficou claro que os surfistas e os mergulhadores têm potencial em auxiliar na manutenção de um turismo econômico e ambientalmente sustentável. É preciso, também, que sejam oferecidos cursos de formação para prestadores de serviços turísticos e orientações para visitantes, para que o surfe e o mergulho não se tornem predatórios”, declarou a pesquisadora, Lume Souza.
A reabertura gradual do turismo em Fernando de Noronha foi liberada pelo governo estadual e, desde terça-feira (1º), os visitantes que já tiveram Covid-19 podem realizar viagens a ilha, que estava fechada desde o início da pandemia do novo coronavírus. De acordo com dados da administração do distrito, em 2019, 106.130 pessoas visitaram a ilha.
Entre outros aspectos, a pesquisa analisou o quanto esses turistas gastaram na ilha, conhecimentos sobre meio ambiente e percepção da importância de preservação ambiental. Foram aplicados 200 questionários a esse público ao longo do ano de 2019.
Dados do Projeto Golfinho Rotador apontam que 63% dos turistas que visitam Fernando de Noronha realizam a atividade de mergulho. Antes do início da pandemia, o custo de um mergulho autônomo em Noronha variava de R$ 250 a R$ 650.
Com base nesses dados, os pesquisadores estimaram que cerca de 66.862 pessoas realizaram mergulho autônomo em 2019, o que gerou capital bruto mínimo de R$ 30.087.900.
“Foi perceptível que esse público possui elevada noção de sustentabilidade e injeta significativo capital na ilha”, disse Lume Souza.
Uma das questões pedia que o turista indicasse qual acreditava ser a importância de Fernando de Noronha. Segundo o estado, 85% das respostas envolviam o tema natureza ou conservação e 12% foram relativos ao tema de turismo.
“Mesmo sem haver uma compreensão clara da definição e das normas das unidades de conservação, 94% dos entrevistados afirmaram que acham correta a criação dessas áreas de preservação”, explicou a pesquisadora.
Segundo os dados, os principais motivos para a viagem de surfistas e mergulhadores estão relacionados com a oferta de recursos naturais. A estudiosa disse, ainda, que a explicação para essa consciência ambiental vem do sentimento de perceber o vínculo com o ambiente despertado com as experiências vividas no contato com o meio natural.
O Projeto Golfinho Rotador, que tem apoio do Programa Petrobras Socioambiental, tem realizado uma série de pesquisas científicas para tentar identificar os melhores perfis de turistas para Noronha.
Custo da viagem
O estudo também identificou que o público, em 2019, foi majoritariamente composto por adultos jovens de alto poder aquisitivo. Os gastos médios totais das viagens dos surfistas e dos mergulhadores foram R$ 7.912,47 e R$ 8.331,34, respectivamente.
Segundo o levantamento, o custo total da viagem à ilha em 2019 variou entre R$ 732 e R$ 27 mil, por pessoa. O menor valor tratava-se de um surfista que se hospedou em casa de amigo, gastando apenas com passagem.
De maneira geral, as médias de despesas com cada atividade foram muito próximas entre os dois grupos analisados, sendo os principais gastos com hospedagem, passagem e alimentação, apontou o estudo.
Dos R$ .7912,47 em média que os surfistas gastam com a viagem para Noronha, 32% foram gastos com hospedagem, 20% com passagem e 17% com alimentação.
Para os R$ 8.331,34 gastos, em média, com a viagem por mergulhadores, 30% foram com hospedagem, 21% com passagem e 16% com alimentação. Os gastos específicos com mergulho representaram 8% do total da viagem.
Outros gastos com alto nível de satisfação foram os relacionados ao contato com a natureza, como passeio de barco e canoa havaiana.