Pesquisadores criam células solares com pigmentos vegetais amazônicos

Uma solução alternativa de baixo custo pode tornar a geração de energia solar mais acessível na região Norte.

Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) está desenvolvendo células solares a partir de pigmentos vegetais de plantas típicas da Amazônia. Esses pigmentos vêm para substituir os custosos corantes sintéticos geralmente usados nesses dispositivos.

Plantas como bujuju, açaí, urucum, jenipapo, murtinha e crajiru são alguns dos espécimes de onde são retirados os pigmentos vegetais usados na pesquisa, que tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam). Liderado pelo professor Walter Brito, o trabalho está em desenvolvimento há mais de três anos e já produziu e testou mais de 50 células solares com os novos pigmentos.

O que é uma célula solar?

A célula solar é um dispositivo eletrônico capaz de transformar a energia solar em energia elétrica por meio do efeito fotovoltaico, explica um dos membros do grupo de pesquisa, o mestrando Moisés Amâncio. Para o processo de conversão acontecer, é necessário que haja um material que absorva a energia solar. Usualmente, o silício é um dos materiais que se utiliza nestee processo.

“Os metais usados para tal finalidade possuem um custo elevado. Já os pigmentos vegetais são extraídos de plantas, algo que pode ser cultivado sem comprometer o ambiente de forma sustentável”, explica o professor Walter.

O corante retirado das plantas é utilizado na fotossensibilização do semicondutor utilizado na fabricação da célula solar. Até o momento, os testes laboratoriais foram positivos e já se apresentam como uma alternativa viável para a energia solar, afirma o professor.

Luz para comunidades isoladas

Para o professor, o Amazonas tem grande potencial em energia solar, com relatos de comunidades no interior do Estado que já se beneficiam desse sistema de geração de eletricidade. É o caso de Lábrea, por exemplo, onde famílias extrativistas utilizam painéis solares.  Na visão do pesquisador, faltam incentivos fiscais, investimentos em infraestrutura e recursos humanos qualificados para que o Estado alcance esse potencial e mais comunidades isoladas sejam beneficiadas com uma forma de geração de energia mais limpa.

“Os mais beneficiados seriam aquelas pessoas que moram distantes dos centros urbanos e que não recebem energia elétrica por meio de redes de energia, mais precisamente, as comunidades ribeirinhas”, exemplifica Walter Brito.

O professor também reforça o papel da pesquisa científica para o desenvolvimento de alternativas mais baratas para a população. “Por meio da pesquisa é possível desenvolver novos produtos, aumentar o valor agregado das matérias primas, assim como desenvolver novas tecnologias”, ilustra o docente.

Com a pesquisa das células solares, o próprio potencial do capital científico-tecnológico do Amazonas é destacado, o que também ajuda no desenvolvimento de mais pesquisas nas áreas de produção de energia a partir de tecnologias de última geração.

Financiamento 

O projeto “Desenvolvimento de células solares empregando pigmentos vegetais de plantas do Amazonas” foi desenvolvido no Laboratório de Bioeletrônica e Eletroanálises (Label) da Central Analítica (CA) da Ufam, com amparo do Programa Universal Amazonas, Edital Nº 030/2013 da Fapeam.

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