Projeto idealiza casas flutuantes com energia solar no lugar de palafitas em São Vicente

Empreendimento também teria aproveitamento da água da chuva e alternativas para saneamento básico.

A arquiteta recém-formada Karla Roncete Mineiro, de 34 anos, criou uma alternativa sustentável para substituir cerca de 200 palafitas no dique do Jardim Pompeba, na Cidade Náutica, em São Vicente. Trata-se de uma habitação flutuante autossustentável, onde a iluminação viria de cinco placas de energia solar e também de claraboias instaladas pelos cômodos, para utilizar apenas a luz natural durante o dia.

A casa seria toda reciclável. A parte externa pode ser construída com eucaliptos e a parte interna teria revestimento acústico e de temperatura, a partir de fibra de garrafas PET e de embalagens daquelas do tipo de leite ou sucos. O telhado seria feito de pneus. Já os pisos e azulejos, de materiais eletrônicos.

Segundo a arquiteta, com essa proposta, os habitantes teriam uma melhora na qualidade de vida sem mudar de bairro. “O objetivo é manter as pessoas no bairro e integrá-las à natureza. O Largo do Pompeba onde ficam as palafitas é calmo, há pouca movimentação da maré e a ventilação é boa. Seria o lugar ideal para começar esse projeto, estimulando outras regiões”, explica.

O projeto foi tema de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Karla, “A Habitação Flutuante Sustentável Associada a Renovação da Orla do Dique do Pompeba”, apresentado na Universidade Paulista (Unip) de Santos.

Restos de obras (fibras de plástico e isopor) formariam os flutuadores. A água seria captada a partir da chuva, que passaria por um sistema de filtragem para torná-la potável.

Na questão dos esgotos, a purificação ocorreria por um sistema de ‘zona de raízes’. Assim, seria descartado no rio com 94% de pureza. Tudo o que for plantado na zona de raízes ajudaria na filtragem e seria comestível. As fezes agiriam como adubo.

Respeitando a Legislação Náutica da Marinha, cada moradia seria fixada por quatro âncoras. As casas precisariam de extintores, boias, e, na parte externa, de sinalizadores, que acenderiam automaticamente para iluminar a instalação.

Na parte estrutural, cada habitação flutuante teria 39 m² e os cômodos seriam divididos conforme a preferência dos moradores, que ajudariam na construção as unidades. Um flutuador abrigaria duas residências, para manter o clima de vizinhança. Em cada extremidade, estão previstas a instalação de praças. Segundo Karla, o preço de cada unidade é em torno de R$ 40 mil, mas com o apoio do Governo Federal, o valor seria menor.

A renovação da Orla do Dique do Pompeba também está incluída nos planos do projeto, uma vez que a região está no Plano Diretor de São Vicente como área de potencial turístico.

A ideia de trazer melhorias ao bairro surgiu porque Karla morou na região do Pompeba dos 12 aos 15 anos. Atualmente, vive em Praia Grande. “Sempre tive gosto por renovação. Penso que não precisa ser novo, dá para fazer com o reciclável. Até nosso corpo tem utilidade depois que a gente morre”.

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