Sal em excesso: unidades de dessalinização de água prejudicam o meio ambiente, diz ONU
OSLO (Reuters) – Quase 16 mil usinas de dessalinização em todo o mundo produzem fluxos maiores que o esperado de águas residuais altamente salgadas e produtos químicos tóxicos que prejudicam o meio ambiente, disse um estudo apoiado pela Organização das Nações Unidas (ONU) na segunda-feira.
As usinas de dessalinização produzem 142 milhões de metros cúbicos de salmoura todos os dias, 50 por cento a mais do que as estimativas anteriores, para produzir 95 milhões de metros cúbicos de água doce, segundo o estudo.
Cerca de 55 por cento da salmoura é produzida em usinas de dessalinização que processam água do mar na Arábia Saudita, nos Emirados Árabes Unidos e no Catar, de acordo com o estudo do Instituto de Água, Meio Ambiente e Saúde da ONU.
A água hiper-salgada é bombeada para o mar e, ao longo de um ano, seria suficiente para cobrir o Estado norte-americano da Flórida com 30 centímetros de salmoura, segundo a tecnologia de rápida expansão e de uso intensivo de energia que beneficia muitas regiões áridas.
Salmoura, água contendo cerca de cinco por cento de sal, geralmente inclui toxinas como cloro e cobre usadas na dessalinização. Em contraste, a água do mar global tem de cerca de 3,5 por cento de sal.
Os resíduos químicos “acumulam-se no meio ambiente e podem ter efeitos tóxicos nos peixes”, disse Edward Jones, o principal autor do estudo, que também trabalha na Universidade de Wageningen, na Holanda.
Salmoura pode reduzir os níveis de oxigênio na água do mar perto de usinas de dessalinização com “impactos profundos” em moluscos, caranguejos e outras criaturas no fundo do mar, levando a “efeitos ecológicos observáveis em toda a cadeia alimentar”, disse ele.
Vladimir Smakhtin, diretor do órgão da ONU, disse que o estudo é parte da pesquisa sobre como garantir água potável para uma população crescente sem prejudicar o meio ambiente.
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