Luz para os mais pobres: Mini-redes de Leiria para África

Esperam electrificar, através de redes trifásicas (baixa tensão) alimentadas por 95% energia solar (270kW), dois mil consumidores.

A RVE.SOL (Rural Village Energy Solutions) foi criada em Leiria já há 6 anos, tendo como “visão acelerar o acesso à energia nos países africanos, onde algumas das populações mais pobres do mundo estão, de facto, a pagar muito mais para as suas necessidades energéticas, dependentes do querosene, pilhas e lenha/carvão”, refere Vivian Vendeirinho, CEO da empresa.

Estão a desenvolver projectos de mini-redes decentralizadas com integração de aceso a agua potável em 15 comunidades o parte ocidental de Quénia, numa parceria com o Governo da Província de Busia. Este projecto, orçado em 2,5 milhões de euros, está na fase final de financiamento. Esperam electrificar, através de redes trifásicas (baixa tensão) alimentadas por 95% energia solar (270kW), dois mil consumidores. A expectativa é superar as 150 comunidades e 25 mil ligações até 2022.

É única empresa portuguesa que é operadora privada de mini-redes eléctricas – tipo small scale utility. Com estes equipamentos consegue-se “fornecer energia de alta qualidade (em muitos casos com major fiabilidade que a rede nacional) e da maior capacidade” diz Vivian Vendeirinho. Além disso, fazem o uso produtivo de energia em que se iluminam casas e se criam oportunidades de emprego e de negócio.

O CEO da RVE-Sol diz que há muitas contribuições para que haja acesso global a energia sustentável, como o sector das lâmpadas solares e mais recentemente os solar home systems (sistemas solares domésticos), que tem tido um grande crescimento e pode ser uma solução low cost com alguma potência para fazer chegar a energia a milhões de consumidores rurais.

Tem projectos para Moçambique mas aguarda as alterações legais que permitam a produção de energia por privados e a venda ao consumidor final. O financiamento de projectos é outro obstáculo. “O investidor privado ainda não tem precedente, ou seja, um track record para poder avaliar o negocio. Estamos mais dependentes do financiamento através dos bancos de desenvolvimento, processo muito mais rigoroso e longo”, diz Vivian Vendeirinho. Espera que eventos como o SEforALL Fórum, atraiam investidores para as mini-redes decentralizadas.

Jornal de Negócios Portugal